domingo, novembro 29

Soneto Invertido da Dor


A dor deixou de ser metáfora.
Se plantou no peito regada à saudade
Ficando à vontade espremendo o ar.

Aperta a garganta e comprime os ouvidos
Retorce as veias, esfria no umbigo
De noite os ossos doem a quebrar.

A Dor que falo não é mais metáfora
Em cada sentido se manifesta
Em coisas novas, em lembranças velhas
Revela meu estado quase transtornal

A miserável se alimenta de insônia
O sumo salgado que sair pelos olhos
Veneno de morte ou alívio óbvio
Inspira meus medos e distorce o real

domingo, novembro 8

Das Dores


Das Dores nem sentia mais
Angústias que guardava em si
Com seu rosto frio explicava
Coisas que não precisavam
De nenhum pingo de razão.
Suas dores não gritavam mais .
Queria mais que entendimento.
Isso, em cada choro guardado no peito
Já havia alcançado, agora era passado
E hoje o esperado era agir.
Da Dores desfez as amarras
Seguiu para o campo de flores espinhosas
Passava sem medo entre as braçadas
Sentia sua pele-alma ferida.
Mentia, mas as verdades escapavam
Mesmo sem querer, sem precisar..
Hoje todas foram libertadas
Das Dores saiu dentre as flores
Cheia de marcas e um sorriso intruso
Sangrando e de lágrimas velozes..
Batismo segundo, e necessário
Como Das Dores tantos outros
De vestido rasgado, peito sangrando
Mas na cara, um sorriso de ouro
Que nunca trocaria por nada
Nem pra salvar o vestido
Nem manter a pele alva.
Das dores, os sorrisos largos
E a compreensão de ser autenticamente humano