sexta-feira, junho 18

Teleceguez


Acorda João
Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz
O dia desponta nas costas
Arde e tempera o trabalho
Suor, labor, salário
Companheiros das mesmas lutas
João não gosta de putas
A família está lhe esperando
Bola, boneca e um corte de pano
Dia de salário e prosa no bar
Sexta feira de qualquer mês
O sangue é quente
Tudo é embriaguez
Ele não sabe se corre
Ele não tem nada ver
Ele pensa que se esconde
Ele é o alvo da vez
A bala sem endereço
Acerta João, do nada
Tiro, pipoco, grito, estampido
João, com o salário na mão
João?
Quem é João...?
Acorda, Antônio
Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz.
Tanto faz.
Tanto faz.

2 comentários:

  1. E agora José?E agora João? E os tijolos do dia a dia fazem a poesia então!

    Adorei seu poema, de verdade!!

    Beijos!!

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  2. Interessantíssimo... criativo!

    Beijos

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