terça-feira, fevereiro 8

Futucando Caixas


Atordoado, acorda. Passa no vão da porta, estranha a revolução. O sofá, a estante, a chama da lareira que não mais inflama. Tudo descontraído, em cores quentes. Corre para o guarda roupa; gavetas, caixas, nenhum vazio. Tranquiliza, enfim, pois mesmo com o passar do furacão descobriu que seus sonhos não foram levados. Embora empoeirados, ainda alí, prontos para experimentar novas pinturas, texturas, misturas com outros tantos sonhos de pessoas a chegar, a ir e voltar. A vida sem sonhos, mesmo tontos, é soneto inacabado. É verbo inconjugado, suicidado no grito da realidade. E essa por si só é incompleta e cinza, nem imita o que poderíamos chamar de vida.

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