quarta-feira, fevereiro 1

O Caos das Coisas


Lembranças da urgência da vida e seus restos gastos.
As costas apoiadas na parede onde bate a luz, final de tarde
Cigarro na boca, apagado, borra na xícara, braços cruzados.
Todas as obras inacabadas. Ateliê desarrumado.
Quebrou os pincéis? Pintar com os dedos!
Só que esqueci alguma coisa - ou nunca soube
Do que já pintei nesses quadros  - o que foi feito?
Où et quand depois da tela despedaçada?
Onde e como, depois do desespero em labirinto-eu?
Cá dê as cores que derrubei do armário?
O café frio, o relógio, os passos...
A vassoura levou as estopas, levou as tesouras
Deixou meu corpo sujo e empoeirado.
Dias e dias deitando no assoalho como penitência
Pra sarar pecados que me impediam de criar.
Olhar pra dentro e ver silêncio é ensurdecedor...
Olhar pra dentro e não ver nada cega todas as vontade.
Tudo isso sobre a urgência da vida e seus restos gastos
As costas apoiadas no chão, bate a luz do sol já tarde
Cigarro na boca, apagado, borra nova na xícara, braços estirados.
Todas as obras inacabadas. Ateliê desarrumado.
E essa urgência me fez correr tanto e  pra tão longe de mim
Que não há cor que sirva, não tenho um retrato falado: 


"Procuro-me."


Onde eu me acho...?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obr1gad4 P0r S0m4r Com a G3nt3! =)