quarta-feira, fevereiro 1

Tempos



Trovoada. Entrei na curva do tempo e por ela enlaçada voltei. Acordei nublada... Abrigada na saudade puxei uma cadeira, convidada a ouvir a velha história do sujeito sem predicado. Horas congeladas, relicário enferrujado. Chuva de verão, o coração resfriado. Se eu dormir, desembaraça-me, tempo descontínuo... me larga de volta onde me capturou. 

Teu barco é uma canção cujo destino a alma só conhece ao ouvir navegar. E levar-se, leve, longe, lama, lavar. Foi o tempo que deu a volta em torno de mim, estruturado como algo bem longe do que supomos retilíneo. Choveu aqui... que essa água vire rio e conduza o barco de volta. Se houve um ponto no espaço que o sorriso recompensou o abraço foi-se embora sem despedida. 

E agora, mal ingerida, essa vontade abre portais para encontrar as contas desse colar do tempo, que quebrou. São momentos que vão nos bolsos, na bolsa, no relicário... Como sentir saudade de um futuro vestido de passado? Pretérito anterior ao corpo, vizinho da alma... e de pés cansados.


# resgate de escritos inacabados, 
despertados por música - Tiê

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