domingo, setembro 25

O Vendeiro e o Poeta



Pode um poeta mentir, seu Valdinho?
Pode um poeta fingir, se fazer de bendito
Quando maldito for,
Se fazer de menino,
Quando envelhece mais que o avô?

Pode um poeta fingir seu destino?
Escolher (ou esconder) o seu fascínio,
Colher flores onde não tem
Ser pessimista, quando só veem o bem,
Tomar leite e dizer que é licor?

Moço, se fores poeta, como estás a dizer
És tanta gente que não posso saber
Qual delas diz a verdade
Qual delas de ti é parte
Quando só tenho as palavras a que me apegar

Esse caderno, folha amarelada
Tem mais dores que todas as almas
Tem mais gente que o livro da vida
Tem mais contas que meu caderno de dívida,
É escravidão e liberdade. É um Karma.

Pode um poeta mentir, seu menino?
Pode um poeta morrer, moço espreito?
Posso ser o que eu escolher, seu Valdinho?
Pode, Homero. Vou fechar a venda.
Deixa que ponho tudo no prego.

4 comentários:

  1. Poderia comentar um testamento, mas prefiro ser sintético.

    BRILHANTE!

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  2. Quem se não o vendeiro para ouvir o poeta?

    Adorei.

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  3. Sandro, querido, muito obrigada!!!
    Estou tentando pegar no tranco de novo, quem sabe essa tal de prima vera me ajude. hhehe
    Beijao!

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  4. "Anônimo", Anna Bahia, kkkkk, primeiro, não é mais anônimo. Segundo, a venda foi uma lembrança de seu interesse investigativo... Enorme abraço!

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